Reflexos do Porto:
Guia do Azulejo na Cidade
Fábricas de Cerâmica
Núcleo fabril do Porto/Vila Nova de Gaia
Para facilitar a visualização do núcleo fabril do Porto/Vila Nova de Gaia apresentamos o mapa publicado na obra Azulejos no Porto. Esta imagem tem assinaladas as fábricas mais importantes, sendo elas 19, o que permite perceber a sua distribuição pelas duas cidades e estabelecer uma relação de proximidade entre elas. De seguida expomos alguns conteúdos sobre a Evolução da Indústria Cerâmica e logo depois uma abordagem a diversas fábricas do núcleo já referido e outras que foram importantes para a cidade do Porto no que se refere à produção de conjuntos azulejares nela existentes.
Evolução da Indústria Cerâmica
As primitivas oficinas de azulejo eram de tipo familiar, tal como acontecia nos restantes ofícios, como o do ouro. Aqui existia uma hierarquia bem estabelecida onde o mestre, o dito patrão, que se sobrepunha aos aprendizes e aos criados, vivendo estes na sua casa/oficina. Nos séculos XVII e XVIII os artistas mais conceituados abrem as suas oficinas e formam inúmeros aprendizes, alunos que pretendem alcançar o estatuto de mestre de forma a estabelecerem a sua própria reputação. Nos finais de Setecentos, com a introdução da manufatura, uma nova forma de produção, surgem as primeiras fábricas. A primeira a ser fundada na cidade do Porto foi a Fábrica Real de Massarelos no ano de 1738. Esta situação leva ao aumento da produção e o azulejo deixa de ser um produto de autor, diluindo-se a individualidade artística, cedendo o artesão o lugar ao operário. Após as invasões napoleónicas a decadência do fabrico azulejar acentuou-se de tal forma que parecia condenado a desaparecer. Mas, com o retorno de muitos portugueses que fizeram fortuna no Brasil, foi possível revitalizar esta produção. Estes novos-ricos contribuíram com financiamento e com a fundação de novas fábricas no território que engloba o Porto e Vila Nova de Gaia, cidades que se transformam em verdadeiros centros da indústria cerâmica.
Durante o século XIX o norte estabelece-se assim como o berço principal da nova produção de azulejo. As fábricas do Porto e de Vila Nova de Gaia ao produzirem material cerâmico suficiente para abastecer o mercado permitiram o sucesso e o rápido incremento do azulejo de fachada. De todas as fábricas destacam-se a Fábrica de Massarelos, a Fábrica do Carvalhinho, a Fábrica das Devesas e a Fábrica de Pereira Valente. É durante o período pombalino, em meados do século XVIII, que o núcleo de indústrias ligadas à produção de faiança começa a instalar-se nestas duas cidades. Este fenómeno cresce durante o século seguinte e as fábricas davam resposta à procura criada pelo crescimento urbano. Por isso mesmo, a sua produção orientou-se para os materiais de construção e para os de decoração exterior. Muitas destas fábricas, que inicialmente se instalaram na cidade do Porto passariam para as margens de Vila Nova de Gaia, tornando-se esta cidade o grande centro cerâmico do distrito. A maioria destas unidades fabris, numa fase de evolução, instalar-se-ia em edifícios construídos de raiz e preparados para as diversas funções da produção e respetiva mão-de-obra. Estavam assim aptas para produzir uma grande quantidade de produtos que seriam também de uma qualidade maior.
A indústria de cerâmica deve a sua evolução a medidas provenientes dos exemplos inglês, francês e alemão, nas quais se inspirou. Além disso, na transição para o século XIX, assiste-se á divulgação de diversos tratados que se debruçam sobre os aspetos tecnológicos desta vertente industrial. No caso da área portuense junta-se a estes dois fatores um outro, a introdução de capital exterior, verificando-se isto no facto de muitas fábricas serem propriedade ou terem participações societárias de negociantes que contratam pessoal especializado para gerir as suas produções. Mais tarde esta tendência inverte-se e, tanto a propriedade como os saberes técnicos, passam geracionalmente, situação que marca a indústria cerâmica portuense que vive épocas em que é controlada por núcleos familiares.
As fábricas do núcleo portuense são edifícios compostos por três ou quatro pisos que conjugam, na maioria das vezes, a parte fabril com a habitação do proprietário. A parte superior destina-se ao proprietário e família, enquanto os andares inferiores são ocupados pelo equipamento e mão-de-obra. Esta arquitetura carateriza-se por uma tecnologia artesanal de construção e está relacionada com os materiais locais. Ao lado de grandes fábricas, como a de Massarelos, Santo António do Vale da Piedade e Miragaia, surgiram outra de menor importância como a das Regadas e a da Afurada. De muitas delas restam apenas documentos, como os processos de licenciamento, não passando algumas empresas desta fase de intenção. Muitas fábricas foram beneficiadas pelos privilégios concedidos pela Junta do Comércio que lhes permitia, entre outros fatores, concessões de exclusivo ou de isenções. Contudo, estas fábricas eram obrigadas ao ensino de um ofício a um número determinado de aprendizes, de nacionalidade portuguesa, perspetivando-se assim um ensino de cariz escolar e que foi importado do modelo francês. O pessoal era recrutado fundamentalmente das cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia, embora se verifiquem imigrantes de origens dispersas.
É com as transformações liberais, que levaram à extinção da Junta do Comércio, que as fábricas entram num sistema concorrencial. É uma época marcada por diversas conjunturas de dificuldade e onde se destaca a família Nunes da Cunha, cujos membros estimularam, durante a segunda metade de Oitocentos, várias fábricas, entre elas a do Carvalhinho, do Cavaquinho e a do Monte Cavaco. Durante este período de voraz concorrência muitas, senão todas, as fábricas de pequena dimensão desaparecem. Desta época permanecem em laboração até ao século XX apenas cinco fabricas: Monte Cavaco, Bandeira, Carvalhinho, Torrinha e Senhor d’Além. Tal como acontecia no clima pombalino, também durante o liberal se mantêm os mesmos aspetos arquitetónicos dos edifícios. Servem simultaneamente as funções da produção e da habitação, algo que irá ser alvo de alteração na passagem do século.
Mantendo-se a situação da concorrência, com a viragem para o século XX haverá uma emergência por parte das unidades de maior dimensão no apetrechamento técnico de forma a poderem responder às exigências do mercado, quer a nível nacional, quer internacional. Estas preocupações centram-se na produção em série e naquela destinada à construção civil, grande motivador da aceleração do crescimento da produção e do apetrechamento técnico, juntando-se a isto os novos sistemas de energia. Contudo, houve sempre uma pequena percentagem de indústrias que manteve as caraterísticas oficinais e as formas tradicionais de produção. O recurso às novas formas de energia é crescente. A partir da década de 1880 os proprietários começam a adotar novos modelos de espaço fabril e a concentração topográfica altera-se, agora é a proximidade aos caminhos-de-ferro que determina a localização destas indústrias. Esta importância leva a que Vila Nova de Gaia passe a ser o núcleo mais relevante por duas razões, a primeira pelo facto do comboio ainda não atravessar o rio Douro, o segundo pelo entreposto ferroviário daquela ser mais perto dos pontos de abastecimento e escoamento, aliando-se a isto aos espaços ainda disponíveis e que se adaptavam às novas condições de salubridade. Agora as fábricas desenvolvem-se segundo uma conceção horizontal, de pavilhões amplos e que eram favoráveis à mecanização e automatização de muitas funções. Estas novas alterações levaram, em certos casos, à transformação da envolvente com a construção de bairros próprios destinados a albergar os trabalhadores e as famílias.
Denota-se assim uma crescente racionalidade e coerência formal dos espaços fabris. A fachada principal dos edifícios começa a ser alvo de valorização procedendo-se ao seu tratamento figurativo pois o que está em causa é o status económico. Estas fachadas conjugam os elementos funcionais com aqueles relacionados com a nova estética urbana. Resumindo, as fábricas de cerâmica, sobretudo a partir de 1880, procuram equipar-se com a tecnologia mais atualizada e, quando possível, transferem-se ou instalam-se em edifícios de raiz que são especialmente concebidos para aumentar a capacidade produtiva. É a partir daqui que o uso da máquina a vapor se generaliza, assim como a utilização de fornos horizontais e a tração mecânica durante todo o processo.
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Bibliografia:
MARTINS, Fausto Sanches – Azulejaria Portuense. Lisboa: Inapa, 2001.
SOEIRO, Teresa [et. al.] – A cerâmica portuense: Evolução empresarial e Estruturas edificadas. Vila Nova de Gaia: Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, 1995.
Imagem disponível em CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO – Azulejos no Porto. Porto: CMP, 1996.
Depois deste pequeno resumo referente à evolução da indústria cerâmica, decidimos que, para completar o nosso estudo, era necessária uma listagem de fábricas pertencentes ao núcleo do Porto e Vila Nova de Gaia, assim como de outras unidades fabris que têm obras na cidade portuense, e sejam importantes no panorama nacional, embora estas não sejam tão exploradas. As fábricas selecionadas dividem-se assim pelo núcleo a que pertencem – Porto ou Vila Nova de Gaia – estando a Fábrica do Carvalhinho representada em ambos, caso de exceção por ter estado sediada nas duas margens do Rio Douro. As fábricas selecionadas são aquelas que marcaram a indústria cerâmica das cidades supracitadas e que contribuíram para a difusão do azulejo, sobretudo no norte do país, apesar de muitas delas só se terem dedicado à sua produção esporadicamente ou já num período avançado da sua existência. Todas as Fábricas aqui listadas estão igualmente estudadas na nossa Dissertação de Mestrado, estando aí a informação de cada uma delas mais completa e organizada de outro modo, de forma a facilitar a leitura e a obtenção de dados.
FÁBRICAS DO PORTO:
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Fábrica do Alto da Fontinha
A Fábrica do Alto da Fontinha, também conhecida como Fábrica do Bairro Alto, estava situada na Rua das Musas e era constituída por barracões em madeira. Foi iniciada em 1837 por Manuel Joaquim Gonçalves & Irmão, tendo laborado efetivamente entre 1844 e 1860. No ano de 1845 era uma das fábricas que fazia parte do depósito de louças da Rua da Esperança. Em 1854 pertence a Joaquim Maria de Carvalho que contrata um oficial de Miragaia. Neste mesmo ano constitui sociedade com António Martins Laginha, ficando o primeiro a gerir a produção e o segundo a administração das vendas.
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Fábrica do Carvalhinho
O ano de 1840 é o indicado para a fundação da Fábrica do Carvalhinho, na Quinta da Fraga e instalada na Capela do Senhor do Carvalhinho, edifício que acabaria por ceder o nome. Tendo como sócios fundadores Tomás Nunes da Cunha e António Monteiro Catarino, a firma tomaria o nome de Tomás Nunes da Cunha & Cª, dissolvendo-se em 1868. A gerência fica a cargo de Thomaz Nunes da Cunha, produzindo já neste período louça e azulejo e estando presente no depósito de louças da Rua da Esperança. Em 1878 passa para a posse do seu genro, João Camilo Castro Júnior e, em 1882, esteve presente na Exposição de Cerâmica, organizada pela Sociedade de Instrução do Porto, conseguindo obter um diploma de mérito no sector de azulejos. Mesmo com este prémio, no início do século XX, esta fábrica, como muitas outras, deparava-se com o problema da concorrência estrangeira, e com a falta de máquinas e de pessoal instruído.
Em 1894 é formada uma nova sociedade, Castro Júnior & Dias de Freitas, composta por João Camilo de Castro Júnior e António Nunes Dias de Freitas. A sociedade é dissolvida em 1899 e é constituída uma outra sociedade, a A. Neves Dias de Freitas & Filhos, firma que concedeu à fábrica um período de modernização e que procedeu à contração de pessoal especializado, como pintores, entre os quais Carlos Branco. Como prova do seu melhoramento, a Fábrica do Carvalhinho recebeu, em 1901, a Medalha de Ouro na Exposição Cerâmica realizada no Palácio de Cristal. A modernização trouxe contudo a necessidade de alargamento das instalações, decidindo A. Pinto Dias de Freitas, nova sociedade estabelecida pela sucessão, familiar, transferi-las para o outro lado do rio Douro. Assim, em 1923, a Fábrica do Carvalhinho instalou-se na Quinta do Arco do Prado, sendo construído um novo edifício apetrechado com a mais recente maquinaria e adotando processos mecânicos atualizados. Consegue desta forma aumentar a oferta e incluí na sua produção mosaicos hidráulicos e louça sanitária. A partir da década de 30, devido à necessidade de aumentar o capital, associa-se à Real Fábrica de Sacavém sob a sociedade anónima Fábrica Cerâmica do Carvalhinho, SARL. Esta sociedade projetou a Fábrica do Carvalhinho que alcançou o momento áureo da sua história, aumentando a produção e a exportação, e contratando ainda mais artistas que acabariam por assinar, nas primeiras décadas do século XX, os melhores painéis azulejares da cidade do Porto. Em 1965 os irmãos Pinto de Freitas, filhos do anterior proprietário, compraram a participação da Fábrica de Sacavém e fazem com que a fábrica volte ao domínio da família. Apesar disso, a fábrica acabaria por encerrar na década de 70.
A Fábrica do Carvalhinho utilizava o pó-de-pedra permitindo que os azulejos fossem mais leves e resistentes. Aquando da sua mudança para a Quinta do Prado foi produzido um novo catálogo, onde constavam 22 modelos de padrões e as respetivas cercaduras e barras, predominando a conjugação do azul e amarelo. Para ter acesso a imagens da ruína desta fábrica visite: http://ruinarte.blogspot.pt/2011/05/bairro-da-fontainhas-fabrica-e-capela.html.
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Fábrica de Entre Quintas
Laborando a partir de 1855, a pequena Fábrica de Entre Quinta foi fundada por Guilherme de Sousa Reis e existiu na Quinta do Passadiço, perto da Rua da Restauração. Foi destruída por um incêndio em 1857., produzindo louça de pó de pedra, grés e porcelana e sendo mencionada nos almanaques da cidade anteriores a 1864.
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Fábrica de Massarelos
A Fábrica de Massarelos aparece muitas vezes como fundada em 1738, por Manuel Duarte Silva, mas a data mais indicada para tal acontecimento é o ano de 1766. Um inventário de 1774 confirma a sua instalação em Massarelos e junto ao rio, estando apetrechadas por armazéns, fornos e tanques. Em 1804 dispunha já de várias rodas por onde se distribuíam as fases da pintura e cozedura. A produção era vendida com facilidade, não só para Portugal, mas também para a Galiza, Angola e América. Os últimos anos desta primeira etapa da empresa familiar foram tormentosos. Entre 1829-1830 sofreu um incêndio e, neste último ano, sucedeu o litígio entre Manuel Duarte Silva, à altura falido e terceiro proprietário da unidade, e José António Cruz que lhe contestava a posse, mas que perdeu a causa. Aliada a estes dois fatores está também o projeto da Rua da Restauração que, desde 1826, colocou em causa a sobrevivência da fábrica naquele local. No início da década de 1830 a fábrica estava já na total posse da família de Manuel Duarte Silva, sendo explorada pelos seus filhos sob a sociedade Silva Guimarães e Irmãs. Na década de 40 um destes herdeiros cede a fábrica ao seu tio por afinidade, João da Rocha e Sousa. Este morre em 1870 entrando a fábrica num novo clima de instabilidade passando a ser gerida, a partir de 1873, pela firma Sá Lima e Irmão, sendo sob a sua gerência que surge, no inventário de 1877, a produção de azulejos. Esta sociedade é dissolvida em 1878 e apenas João da Rocha e Sousa Lima fica em Massarelos. A fábrica aparece como sendo sua propriedade no Inquérito Industrial de 1881. Com uma nova designação a partir de 1884, a Fábrica de Louça de Massarelos a Vapor obtém uma máquina a vapor vinda de França, formos, filtrador mecânico, moinhos para vidro e dois balancés para azulejo. É construída também, em 1886, a fachada voltada ao rio.
No Inquérito Industrial de 1890 a Fábrica de Massarelos pertence já à viúva de João da Rocha e Sousa Lima e ao seu segundo marido, Álvaro Arnaud, e é conhecida por Clementina Vieira C. de Lima de Arnaud & Sucessores. Entre 1892 e 1895 é arrendada por Francisco Ferreira Rebelo, fechando nesse ultimo ano. Encerrando a sua produção entre 1895-1900, reabre e entra na derradeira etapa da sua exploração. É alugada por João Regis de Lima, da capital, que a trespassa em 1901 a William MacLaren e a sua sociedade, tendo este sido mestre da Fábrica de Sacavém. A partir de 1904, com uma sociedade por quotas, o investimento de capital inglês permite à unidade fabril conhecer um período estável. William MacLaren trazia a experiência de Sacavém e, já com a designação de Empresa Cerâmica Portuense Ld.ª, a fábrica especializou-se na produção de azulejos relevados. Nesta época a empresa tinha uma estrutura bipolar pois, além da própria fábrica, ainda na Rua da Restauração, havia um outro núcleo fabril na Quinta do Roriz, perto da Ponte D. Maria Pia, onde tinha a sua sede e onde habitava MacLaren. A Empresa Cerâmica Portuense Ld.ª é dissolvida em 1912 e logo nesse mesmo ano cede lugar a uma nova sociedade. Os sócios são agora Archibald James Wall, juntamente com a mulher, e Charles F. Chambers e o filho, tendo o nome de Chambers & Wall. Em 1920 o edifício da Fábrica de Massarelos na Rua da Restauração é destruído por um incêndio. A partir desta data restava apenas o prestígio da marca Massarelos-Porto e que continuaria a ser utilizado pela unidade da Quinta do Roriz. Esta fábrica teve de sofrer algumas alterações de forma a poder produzir louça, incidindo estas na construção de fornos e na ampliação das oficinas. Em 1936 é vendida à Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia SARL, uma empresa lisboeta que tinha já em sua posse diversas unidades fabris.
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Fábrica de Miragaia
A Fábrica de Miragaia é fundada por João Rocha e pelo sobrinho, João Bento da Rocha, em 1775. João Rocha, natural de Arcos de Valdevez, e que fez fortuna na Baía pretendia com esta unidade produzir louça semelhante à que vinha de países estrangeiros e ensinar aprendizes nacionais. É a partir destes dois homens que se desenvolve a conhecida dinastia de industriais cerâmicos, os Rocha de Miragaia, responsáveis pela introdução de louça em formas e explorando outras fábricas como a de Santo António do Vale da Piedade e a do Cavaquinho.
Para o seu sucesso, além da capacidade de gestão dos proprietários, contribuiu a cooperação com outras fábricas, como a do Rato e de Massarelos, aproveitando a mestria de alguns oficiais que fizeram escola e também os capitais reunidos nos negócios do Brasil.Com a Guerra Peninsular e decido à ação das tropas francesas esta unidade fabril sofreu alguns estragos mas, mesmo assim, continuou a fabricar louça de toda a qualidade. Em 1814 a Fábrica de Miragaia era a maior do ramo na cidade do Porto. Mas, com a entrada da louça inglesa em Portugal as fábricas nacionais entraram num período de crise e os seus produtos acumulavam-se nos depósitos. Em 1822, já propriedade de Francisco da Rocha Soares, tem como administrador o seu sobrinho, João da Rocha e Sousa, e solicita para a sua fábrica o exclusivo da louça pintada estampada, recusado pela Junta do Comércio, e condições especiais para conduzir os barros. Neste meso ano a fábrica é alvo de vistoria que a descreve como propriedade de casas nobres, que eram compostas pela casa de fazer louça, um depósito para a carqueja e lotes para secar a louça, salas para fazer vidrados e tintas, um telheiro com tanques de barro e fornos de queimar estanho e chumbo e outros de cozer louça, uma sala destinada à venda de louça e dois armazéns para o seu depósito. Tinha ainda uma azenha de moer vidro, esta separada da unidade fabril e situada em Massarelos. Em 1827 a fábrica experimenta a produção de louça em pó de pedra, acontecimento de grande sucesso, seguindo-se o fabrico de louça à imitação da inglesa. Francisco da Rocha Soares morre em 1929, período de grande dinamismo da fábrica, deixando encarregue o seu filho, Francisco da Rocha Soares.Francisco da Rocha Soares filho era um militante liberal e, com o findar da guerra civil, foi agraciado pelo rei consorte que visitou a unidade em 1836. Controlava também o mercado da louça na cidade, tomando conta das principais fábricas concorrentes. Em 1845-1848 estabelece um depósito e venda de louça onde congregou as fábricas do Carvalhinho, Fervença, Fontinha, Monte Cavaco e Santo António do Vale da Piedade. Mas, o seu comprometimento político, que outrora lhe fora vantajoso, torna-se, com a Junta do Porto, fatal e leva-o à falência. Em 1852 Francisco da Rocha Soares filho está falido e com a fábrica encerrada. Morto em 1857 o estabelecimento industrial acaba por ser vendido em hasta pública.
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Fábrica Nova do Arnaud
A Fábrica Nova do Arnaud foi fundada por Clementina Vieira da Rocha e Álvaro Arnaud, seu marido, em 1892 depois de terem entregado em arrendamento a Fábrica de Massarelos. Estava igualmente situada na Rua da Restauração e perto da igreja paroquial, sendo contudo de dimensões mais reduzidas. Duraria apenas três anos, suspendendo a laboração ao mesmo tempo que a de Massarelos.
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Fábrica da Rua do Sol
A Fábrica da Rua do Sol, de louça e cal, foi fundada em inícios da década de 30 do século XIX na cidade do Porto. Data de 1838 um primeiro contrato, levado a efeito entre pai, António Luís Alves Viana, e filho, José Luís Alves Viana, que com ele morava e ajudava na elaboração. Este documento assinala duas fabricas uma de cal e outra de olaria estacionadas na rua do Sol. A fábrica esteve posteriormente arrendada a José Luís Alves Viana, concebendo-se, em 1876, uma nova sociedade entre Lino Soares Guedes e José Lino Soares Guedes para explorar os três fornos de que dispunha. Esta parceria designar-se-ia então de Soares Guedes & Cª. Terá encerrado no início da década de 80, com a dissolução da sociedade que se dedicava ao fabrico de cal, louça e gesso.
FÁBRICAS DE VILA NOVA DE GAIA:
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Fábrica da Afurada
Modesta fábrica de cerâmica surgiu em 1789 em Vila Nova de Gaia, mais precisamente no lugar de Lazareto na Afurada. Partiu da iniciativa de Joaquim Ribeiro dos Santos,um antigo oficial da Fábrica do Cavaquinho. Sem nunca ter atingido grandes dimensões, o seu funcionamento foi suspendido durante as Invasões Francesas, tornando a reabrir em 1830. Segundo Joaquim de Vasconcelos e Luís A. Oliveira nesta fábrica, entre as décadas de 30 e 60 do século XIX, trabalharia Jerónimo Gomes, um barrista que fazia, além de faiança, figuras de costume por enchacote.
Novamente com a produção interrompida por um curto período de tempo, torna-se posse de Albino Maximiano Gomes de Almendra que, em 1867, faz sociedade com Manuel Rodrigues de forma a reativarem a fábrica de louça. Esta estava instalada no terreno que fora vendido por José Augusto Cardoso de Castro, em 1861, a António Nicolau da Silva. O primeiro ficaria como sócio capitalista enquanto o segundo seria um profissional, participando com os seus conhecimentos e trabalho, dirigindo assim a produção. Desta forma Albino de Almendra ficaria com 2/3 dos lucros e Manuel Rodrigues com 1/3. Esta diferença estava também patente na designação da firma, a Almendra & Cª.Esta tentativa não deve ter tido sucesso pois, em 1866 a fábrica encontra-se fechada e, em 1871, passa para a posse de João do Rio Júnior, António Rodrigues de Sá Lima, Tomás Nunes da Cunha, Joaquim Nunes da Cunha e Ângelo da Silva Macedo, um grupo onde estavam reunidos os proprietários das principais fábricas de cerâmica do Porto e Vila Nova de Gaia. Estes estariam mais interessando em eliminar definitivamente este espaço concorrente em vez de reativá-lo, vendendo-o logo de imediato, em 1872, a João Henrique Andressen.
Sabe-se que já no início do século XX houve uma nova tentativa para instalar uma outra unidade fabril na Afurada, iniciativa de Manuel Marques Gomes que, em 1914, requer autorização para edificar uma fábrica de produtos cerâmicos. O projeto era composto por um edifício de três pisos com naves espaçosas e estrutura leve, seguindo a linha da arquitetura industrial de qualidade à época. Estaria a mais de 300 metros das habitações e junto a um cais no rio Douro, beneficiando das facilidades de transporte. Em 1806 a Junta do Comércio indeferiu um pedido de Teixeira Pinto e Rebelo e Joaquim Teixeira de Sousa para instalarem na Afurada uma fábrica de louça. Este processo advinha já de 1802, ano em que estas duas figuras requereram o estabelecimento de uma fábrica de louça em Campanhã, dedicada sobretudo à louça grossa, alegando que as outras fábricas não a produziam. Conseguiram a licença mas, sem conseguirem terreno em Campanhã, solicitam que a dita fábrica seja válida para a Afurada. A Junta negou esse requerimento e alegou que os dois negociantes só se queriam apropriar do forno de cal que aí existia e que fora estabelecido por Francisco de Almada Mendonça. A falta de notícias leva a crer que este empreendimento nunca vingou.
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Fábrica da Bandeira
A Fabrica da Bandeira é apontada por alguns como sucessora da Fábrica da Rasa, sendo que outros afirmam que esteve sediada no Largo da Feira, em Santo Ovídio. Esta confusão deve-se ao facto de Gaspar Gonçalves de Castro e a sua mãe terem possuído uma fábrica de louça no lugar de Trás os Vales, em Santo Ovídio. Esta seria arrendada, em 1844, a João Nunes da Cunha. Mas, a Fábrica da Bandeira terá sido fundada em 1835 por Gaspar Gonçalves de Castro, sita no Largo do Mártir de S. Sebastião, hoje o Largo dos Aviadores. O estabelecimento ficaria no piso térreo do número 10 de uma casa de habitação de dois sobrados que teria a fachada recoberta a azulejo e, até pelo menos ao início do Século XXI, ostentava ainda telhas de beiral pintadas e vidradas. A Gaspar Gonçalves de Castro sucedeu, na década de setenta, a sua viúva e filhos, gerindo-a Cândido Augusto de Sá Castro. No Inquérito de 1881 surge como proprietário da fábrica e, passados dez anos, a situação não é muito diferente, mantendo-se o único forno e a laboração diária. Em 1896 a fábrica passa em definitivo para a posse de Cândido Castro, mantendo-se até pelo menos 1912, quando Luís Ferreira se depara com a mesma situação, alterando-se apenas o facto de existir uma nova caldeira.
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Fábrica do Candal
Segundo Joaquim de Vasconcelos, a Fábrica do Candal estaria em laboração desde 1858. Contudo, só em 1860 é formalizada a sua constituição pela sociedade entre Félix de Araújo Guedes, ceramista e morador no Candal, e o capitalista Bernardino Severo de Carvalho, do Porto. Sob a designação Carvalho & Guedes estava instalada numa casa alugada junto à Capela do Candal e teria, segundo Pedro Vitorino, suspendido a laboração ainda em vida de Félix de Araújo Guedes por este ter chegado a acordo com João de Araújo Lima, da Fábrica de Santo António do Vale de Piedade, de quem receberia uma quantia certa em troca da paralisação. Já Charles Lepierre atribui o encerramento desta pequena unidade a um incêndio.
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Fábrica do Carvalhinho
O ano de 1840 é o indicado para a fundação da Fábrica do Carvalhinho, na Quinta da Fraga e instalada na Capela do Senhor do Carvalhinho, edifício que acabaria por ceder o nome. Tendo como sócios fundadores Tomás Nunes da Cunha e António Monteiro Catarino, a firma tomaria o nome de Tomás Nunes da Cunha & Cª, dissolvendo-se em 1868. A gerência fica a cargo de Thomaz Nunes da Cunha, produzindo já neste período louça e azulejo e estando presente no depósito de louças da Rua da Esperança. Em 1878 passa para a posse do seu genro, João Camilo Castro Júnior e, em 1882, esteve presente na Exposição de Cerâmica, organizada pela Sociedade de Instrução do Porto, conseguindo obter um diploma de mérito no sector de azulejos. Mesmo com este prémio, no início do século XX, esta fábrica, como muitas outras, deparava-se com o problema da concorrência estrangeira, e com a falta de máquinas e de pessoal instruído.
Em 1894 é formada uma nova sociedade, Castro Júnior & Dias de Freitas, composta por João Camilo de Castro Júnior e António Nunes Dias de Freitas. A sociedade é dissolvida em 1899 e é constituída uma outra sociedade, a A. Neves Dias de Freitas & Filhos, firma que concedeu à fábrica um período de modernização e que procedeu à contração de pessoal especializado, como pintores, entre os quais Carlos Branco. Como prova do seu melhoramento, a Fábrica do Carvalhinho recebeu, em 1901, a Medalha de Ouro na Exposição Cerâmica realizada no Palácio de Cristal. A modernização trouxe contudo a necessidade de alargamento das instalações, decidindo A. Pinto Dias de Freitas, nova sociedade estabelecida pela sucessão, familiar, transferi-las para o outro lado do rio Douro. Assim, em 1923, a Fábrica do Carvalhinho instalou-se na Quinta do Arco do Prado, sendo construído um novo edifício apetrechado com a mais recente maquinaria e adotando processos mecânicos atualizados. Consegue desta forma aumentar a oferta e incluí na sua produção mosaicos hidráulicos e louça sanitária. A partir da década de 30, devido à necessidade de aumentar o capital, associa-se à Real Fábrica de Sacavém sob a sociedade anónima Fábrica Cerâmica do Carvalhinho, SARL. Esta sociedade projetou a Fábrica do Carvalhinho que alcançou o momento áureo da sua história, aumentando a produção e a exportação, e contratando ainda mais artistas que acabariam por assinar, nas primeiras décadas do século XX, os melhores painéis azulejares da cidade do Porto. Em 1965 os irmãos Pinto de Freitas, filhos do anterior proprietário, compraram a participação da Fábrica de Sacavém e fazem com que a fábrica volte ao domínio da família. Apesar disso, a fábrica acabaria por encerrar na década de 70.
A Fábrica do Carvalhinho utilizava o pó-de-pedra permitindo que os azulejos fossem mais leves e resistentes. Aquando da sua mudança para a Quinta do Prado foi produzido um novo catálogo, onde constavam 22 modelos de padrões e as respetivas cercaduras e barras, predominando a conjugação do azul e amarelo. Para ter acesso a imagens da ruína desta fábrica visite: http://ruinarte.blogspot.pt/2011/05/bairro-da-fontainhas-fabrica-e-capela.html.
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Fábricas do Cavaquinho
As Fábricas do Cavaquinho são duas unidades fabris que se dividem numa mais antiga, dedicada ao fabrico de faiança, e de uma outra que se dedicou á produção de louça de pó de pedra. A sua história, como é lógico, está indissociavelmente ligada. A primeira fábrica é fundada em 1780 por João Bernardo Guedes, segundo marido de D. Joana Eufrásia Mesquita, proprietária da Quinta de Vale de Amores, local onde a unidade fabril foi implementada. Estabelece sociedade com Severino José da Silva, mestre de produção de louça e que já tinha trabalhado na Fábrica do Rato, mas também com Diogo José de Araújo. Em paralelo com esta atividade, João Guedes, já viúvo e único herdeiro das propriedades, interessou-se juntamente com Diogo de Araújo e Domingos Vendelli por um novo projeto que consistia em implantar no Porto uma fábrica de louça de pó de pedra. A escritura entre os três sócios é assinada em 1786 e o alvará para a construção do novo estabelecimento, cuja implementação seria junto à primeira fábrica, é obtido em 1787. Esta unidade só começou a laborar em 1790 mas a sua louça fez sucesso de imediato. São assim unidas as duas fábricas e ambas produzem agora apenas louça em pó de pedra. Além destes produtos tinham também louça preta ou marmoreada vidrada que pretendia, sem pretensões artísticas, ser um artigo resistente e de bom aspeto, conquistando assim uma boa parte do mercado. Com as invasões francesas e com a concorrência a Fábrica do Cavaquinho é bastante penalizada, paralisando parcialmente depois de 1808.
Com a entrada de João Raimundo Nogueira, deputado da Junta de Administração da Companhia das Vinhas do Alto Douro, anuncia-se uma mudança. Em sociedade com João Bernardo Guedes, a partir de 1815, as fábricas tornam-se a separar, talvez consequência da decadência da comercialização da louça em pó de pedra. No entanto, a fábrica de faiança parece ter-se revitalizado com esta separação. Em 1816 a parte que pertencia a Domingos Vandelli foi comprada por João Nogueira, estabelecendo este sociedade com Claudino Pereira Xavier. No Inquérito da Junta do Comércio de 1817 a fábrica pertence ainda a João Bernardo Guedes, sendo posteriormente propriedade de João Nogueira em 1826.
Entrando numa nova época de crise durante a década de 30, a Fábrica do Cavaquinho foi constantemente arrendada pelo seu nome proprietário, o Conde de Sarmento. Assim sucedeu até a vender a Joaquim Nunes da Cunha entre 1858-1860, antigo proprietário da Fábrica da Fervença desmontada à época para dar lugar a uma nova rua. Falecendo em 1884, a empresa passa para a posse da sua viúva e filho, designando-se a firma Margarida Rosa Nunes & Filho. Esta foi dissolvida em 1899, assumindo por inteiro a gestão da fábrica D. Margarida Nunes, e passando a chamar-se Viúva de Joaquim Nunes da Cunha. Contudo, devido a processos judiciais, todos os terrenos e pertences foram divididos pelos descendentes, vendendo D. Maria de Jesus Nunes Macedo a sua parte, em 1897, a Alberto de Almeida Lucas. Perto do fim do século tornou a ser posse dos Nunes da Cunha designando-se a sociedade Luiz Nunes da Cunha & Cª. Entrou em decadência e as suas instalações passaram a ser ocupadas por outras indústrias.
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Fábrica Cerâmica do Fojo
A Fábrica Cerâmica do Fojo, situada na Quinta do Fojo em Canidelo, foi fundada, em 1896, por José Maria Rodrigues Ascensão. Em 1898 foi criada a firma Lopes & Ascensão, sociedade entre o primeiro e Joaquim António Lopes. Especializou-se em telha marselha, tijolo, grés e outros materiais para a construção, dedicando-se também à faiança decorativa. Foi, na primeira década do século, uma das mais mecanizadas e modernas do setor e na região do Porto, tal como descreveu Luís Ferreira Girão. Em 1920 cede lugar à Empresa Cerâmica do Fojo, dedicando-se sobretudo à produção de material de construção.
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Fábrica Cerâmica de Soares dos Reis
A Fábrica Cerâmica de Soares dos Reis localizava-se em Agueiro, Mafamude, e foi aí estabelecida em 1919. Dedicava-se ao fabrico de louça e azulejo e deve a sua continuação ao impulso dado por José de Almeida Pinheiro em 1941. Passa a ser conhecida sob a firma Cerâmica Soares dos Reis Lª e manteve-se em laboração até 1964.
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Fábrica do Choupelo
Iniciando a sua laboração em 1852, a Fábrica do Choupelo, situava-se junto à Quinta de Álvaro Leite. Com um período de produção muito curto parece, no entanto, ter sido uma unidade de desenvolvimento técnico apurado uma vez que nela fabricou grés Carlos Vazine. Ainda junto à fábrica existiria uma oficina de escultura e modelação. Em 1854 é formada uma sociedade entre Joaquim da Cunha Lima e Veríssimo Álvares Pereira, sendo o segundo o sócio quem verdadeiramente dirigia a fábrica porque, além do saber, dispunha da patente do grés.
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Fábrica das Devesas
A fundação da Fábrica das Devesas, por volta de 1865, deve-se a António Almeida da Costa. Pouco tempo depois, cerca de 1874, Almeida da Costa teve necessidade de formar uma sociedade com José Joaquim Teixeira Lopes e Feliciano Rodrigues da Rocha, designando-se António Almeida da Costa & Cª. O primeiro seria o responsável pela direção financeira e pelos negócios sociais, o segundo com a modelação das esculturas e sua administração e o terceiro com a escrituração e cobrança. Para a sua implementação foi selecionado um local próximo da estação de caminhos-de-ferro, estando de um dos lados da estrada o estabelecimento para cerâmicas de construção civil e, do outro, as oficinas da louça e faiança comum, estatuária e azulejo. Foi também dada particular atenção à contratação de pessoal especializado, quer do ponto de vista artístico, quer técnico. Assim, destaca-se o nome do sócio citado, José Teixeira Lopes, e ainda do mestre João José da Fonseca, ambos já especializados no ramo da cerâmica. A preocupação com a formação denota-se também com a fundação da Escola de Desenho Industrial de Gaia que se instalou primitivamente numa das dependências da fábrica. O equipamento era também do mais moderno, possuindo a fábrica quatro fornos e uma máquina a vapor, permitindo a produção em grande escala, principalmente de azulejo.
A primeira sociedade é dissolvida em 1884, continuando a fábrica em laboração e requerendo uma licença para a instalação de uma máquina a vapor, junta-se também nesta altura à cerâmica uma fundição. Dispôs assim de um conjunto de maquinaria desenhada pelos diretores da fábrica ou copiadas de modelos estrangeiros, sendo depois executadas nas fundições do Porto. Interiormente o serviço era realizado por um sistema de caminhos-de-ferro que ligava todas as oficinas. Com a afirmação da produção seria fundada uma fábrica na Pampilhosa do Botão, na Mealhada, e ainda uma oficina de obras de mármore e um depósito de Materiais no Porto [Rua da Conceição]. Continuam sócios Almeida da Costa, Teixeira Lopes e Feliciano Rocha, este último abandonando a sociedade nos finais do século XIX e ficando o primeiro com a sua quota. Em 1906 o capital é alargado a Aníbal Mariani Pinto, Eduardo Rodrigues Nunes e Emília de Jesus Costa, mulher de António Almeida da Costa. Teixeira Lopes abandonará a fábrica em 1909 e o capital torna a ser redistribuído. António Almeida da Costa empreendeu, nos inícios do século XX, uma política de benemerência local, criando um asilo e uma creche. Além disso, para os seus operários construiu bairros sociais que envolviam as unidades fabris e que ainda hoje constituem um conjunto arquitetónico observável, apresentando técnicas e modelos de construção baseados em material cerâmico. Numa cota superior à fábrica surge o palacete do proprietário, exemplar de arquitetura neoárabe, e que permitia a observação sobre todo o complexo industrial. Com a morte do fundador, em 1920, a empresa afirma-se como Companhia de Cerâmica das Devesas, abandonando a produção de azulejo e de louça decorativa e dedicando-se aos materiais destinados a construção civil.
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Empresa Electro Cerâmica
Foi a 17 Janeiro de 1914 que se procedeu à escritura notarial que marca o início das atividades da firma Mourão & Cª. Esta sociedade tinha como objetivo exercer a indústria e comércio de artigos de porcelana, acessórios elétricos e quaisquer outros artigos que os sócios julguem conveniente […] designada em público por “Electro Cerâmica”. Instalada em Vila Nova de Gaia, no lugar da Fonte das Regadas, tinha a direção técnica entregue ao Dr. Joaquim da Costa Carvalho Júnior. Em Outubro de 1914 a firma Mourão & Cª pede autorização ao Governo Civil para construir, junto da fábrica, uma moderna unidade cerâmica e que se instalaria em três dependências projetadas para o fim em vista, ou seja, fabricar porcelana. No ano seguinte, e verificando-se a insuficiência de capital, a firma foi aumentada através da entrada de Francisco da Silva Sampaio Pombinha, residente em Lisboa. A anterior firma, a Mourão & Cª, é dissolvida e passa a designar-se Empresa Electro-Cerâmica, Limitada. Sendo uma das mais modernas à altura, dedicou-se à produção de porcelana e foi a primeira a instalar eletricidade para a sua produção. Mais tarde, na década de 40, foi absorvida pela Fábrica da Vista Alegre, que a orientou para a produção de porcelanas elétricas. Vendia a produção para Espanha, França, Bélgica, Itália, Suíça, USA, Argentina e Brasil.
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Fábrica da Fervença
A Fábrica da Fervença é o ponto de partida da família Nunes de Cunha na cerâmica portuense. Segundo alguns autores foi criada em 1824, junto à cerca da Serra do Pilar, numa casa alugada e posteriormente adquirida pelo fabricante. Dedicava-se à produção de louça e azulejos e, em 1826, Manuel Nunes da Cunha pede licença para a estabelecer no lugar da Mesquita. Para isso contou com o seu sócio, José Fernandes Cruz, antigo oficial da Fábrica do Cavaquinho. Em 1827 a fábrica obtém o alvará desejado, estando operacional já no ano seguinte. A Fábrica da Fervença integrou o depósito geral de louça da Rua da Esperança e apresentava níveis de crescimento no início da década de 50 do século XIX. No entanto, em 1858, foi parcialmente expropriada e destruída com a abertura da Rua de General Torres. Este acontecimento levou Joaquim Nunes da Cunha, filho do fundador, a abandonar esta fábrica e a transferir-se para a antiga Fábrica do Cavaquinho, agora do Cavaco, entre 1859-1860.
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Fábrica do Monte Cavaco
A iniciativa deste estabelecimento terá partido de Gualter da Piedade Queirós, ex-frade, que teria viajo para o Brasil, em 1818, para recolher a herança de um parente. Ao regressar terá tomado a decisão de investir numa fábrica de cal e que estaria estabelecida no lugar do Cavaco, lugar onde a sua família possuía terrenos. Em 1824 o padre Gualter Queirós compra um dos terrenos e aí instala a fábrica de louça sob a designação de António Nicolau de Queiroz & Filho, sendo o primeiro o seu pai. Situava-se num grande pedaço de terra, junto ao rio Douro e ao antigo cemitério dos ingleses. A fábrica irá manter essa designação até pelo menos 1830, sendo provável que se tenha mantido até cerca de 1850. Nos inquéritos de 1852 e 1853 aparece como único titular da unidade fabril e, em 1855, já endividado, arrenda a fábrica a Tomás Nunes da Cunha. Em 1858 estabelece uma sociedade com João Nunes da Cunha, sob a firma Cunha & Cª, devendo durar dez anos, algo que não aconteceu por falecimento do primeiro em 1860. Com isto a fábrica torna-se posse de Tomás Nunes da Cunha e depois, em 1869, de Ângelo da Silva Macedo, genro daquele, que a manterá até à década de 80. É Charles Lepierre quem noticia que a fábrica, no final do século XIX, pertence à firma Nunes & Leite passando, em 1908, para a posse de António Macedo & Cª, empresa que reformou o edifício. Em 1918 os banqueiros Borges & Irmão, proprietários do terreno onde estava instalada a fábrica, solicitam à Câmara de Vila Nova de Gaia a reconstrução do imóvel, parcialmente destruído por um incêndio. A fábrica laborou assim até meados do Século XX, paralisando a sua produção aquando do início da construção da Ponte da Arrábida.
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Fábrica das Palhacinhas
Esta fábrica, estabelecida nas Palhacinhas, na Rua de Cândido dos Reis, foi fundada por Bonifácio José de Faria e Costa, um brasileiro que dizia habitar na fábrica de louça em 1837. Passa depois para a posse de André de Castro que a encerra e transfere a laboração para a sua fábrica nas Regadas. Manuel Leão refere uma escritura, data de 1844, onde consta uma sociedade para o fabrico de louça, nas Palhacinhas, e que foi subscrita por António Luís dos Santos e Joaquim José Pereira. Datado de 1876 há também um projeto que pretendia reconstruir a Fábrica das Palhacinhas. Sobre este resta a dúvida se a reconstrução foi concretizada ou não.
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Fábrica de Pereira Valente
A fundação desta fábrica e o seu progressivo desenvolvimento são bem mais modestos comparados com os das outras fábricas. A Fábrica de Pereira Valente parte da iniciativa de José Pereira Valente, antigo empregado da Fábrica das Devesas e instala-se, a partir de 1884, na Rua Dona Leonor, também em Vila Nova de Gaia e nas imediações da fábrica de António Almeida da Costa. Pereira Valente teve ajuda deste no que respeita ao escoamento dos produtos, o que o levou a adquirir, em 1891, uma máquina que permitiu ampliar a produção, incluindo-se aqui o azulejo. Na primeira década do século XX a gerência amplia-se com a entrada de familiares e, a partir de 1904 a fábrica começa a designar-se José Pereira Valente, Filhos. Esta sociedade dissolve-se em 1915 com a saída de José Pereira Valente Júnior e Augusto Pereira Valente, recebendo em dinheiro o seu investimento. Os outros dois irmãos, Júlio Pereira Valente e Feliciano Pereira Valente assumem assim as responsabilidades da fábrica. Neste mesmo ano, devido à necessidade de expansão e ao período de guerra, dá entrada um novo sócio, Joaquim Moreira Gandra da Fonseca, estabelecendo a firma Valentes & Moreira.A decadência desta fábrica dá-se em simultâneo com a das Devesas, deixando de produzir na segunda década do século XX. No seu progressivo declínio estão problemas relacionados com a estrutura familiar.
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Fábrica da Rasa
Segundo José Queirós, a Fábrica da Rasa existia desde os finais do século XVIII. Contudo, e o mais certo, é que esta só se tenha estabelecido na 1ª década do século XIX. Em 1804 pertencia a João Henriques de Magalhães & Cª, comerciantes do Porto, e que alegaram perante a Junta do Comércio ter descoberto novas técnicas de depuração do barro e de estampagem de louça. Desta forma pediram para estabelecer uma fábrica e que lhes fosse concedido o exclusivo daquelas produções. Em 1808, após auto de exame, foi concedida a licença, mas não o exclusivo. Aqui trabalharam Francisco Pereira Barbosa, que fora oficial da Fábrica do Cavaquinho, e João José Barbosa.
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Fábrica das Regadas
José dos Reis & Cª, homens de negócio da cidade do Porto, requereram à Junta do Comércio em 1811 autorização para a abertura de uma fábrica de louça, avançando com a justificação de que aquela produzida não era suficiente para abastecer o reino. Em 1813, com o falecimento de José dos Reis, o seu sócio, André de Castro, continua com a fábrica e pede que o alvará da dita passe para seu nome. O exame realizado ao estabelecimento, em 1818, avança que o estabelecimento possui um grande forno e um outro mais pequeno, além de um armazém.
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Fábrica de Santo António do Vale da Piedade
Embora seja muitas vezes avançado que a Fábrica de Santo António do Vale de Piedade, construída em Vila Nova de Gaia, tenha sido construída entre 1790 e 1792, pelo genovês Jerónimo Rossi, vice-cônsul da Sardenha no Porto, é necessário ter em conta que esta existia anteriormente à data de arrematação da Quinta da Eira onde hoje se encontra implementada. Assim, funcionaria pelo menos desde 1784, sabendo-se que Rossi exportava para o Brasil muita da sua produção. Com a morte de Jerónimo Rossi, em 1821, são as filhas, sobretudo Joana Rossi, que continuam a explorar a fábrica e pedem a renovação do alvará. Em 1826 a fábrica e respetivas azenhas são arrendadas a Francisco Galvão, situação que se manteve por pouco tempo. Passa assim a ser explorada por Francisco da Rocha Soares, de Miragaia, Francisco da Rocha Soares, ambos fiadores do anterior arrendatário. Manteve-se assim até 1833, entrando nessa data numa nova fase de exploração. Em 1834, depois das guerras liberais, foi entregue a uma sociedade, da qual fazia parte João de Araújo Lima. No ano seguinte é posse de J. Augusto Kopke, volta a ser gerida por Joana Rossi e o anterior contrato de arrendamento mantém-se. Em 1843 a fábrica sofre um incêndio e é reconstruída em 1847. Araújo Lima imprime grande desenvolvimento à fábrica, fazendo com que esta consiga, ao nível da louça de pó-de-pedra, azulejo e telhas pintada, competir com as suas rivais de Miragaia e Cavaquinho.
Em 1852, ano em que encerra a Fábrica de Miragaia, recebe muitos operários especializados dessa unidade fabril. Nessa altura é construído um novo forno, com várias alturas de forma a diferenciar o tipo de cozedura, e ainda introduzida uma máquina Clayton.Em 1861, depois da morte de Araújo Lima e João do Rio, a fábrica é dirigida por João do Rio Júnior, adquirindo-a posteriormente, e introduzindo novas modificações que permitiram a produção de peças de ornamentação em relevo. Em 1881, o Inquérito Industrial descreve-a como sendo um edifico de três andares e sobranceiro ao Douro, de acesso íngreme e encravado entre casas. O processo de produção orientava-se de cima para baixo, estando nos vãos do telhado estufas de seca, no terceiro andar as oficinas de fabrico de louça, no segundo a prensa para a fabricação de azulejos e no primeiro as oficinas de pintura e vidragem. A sua frontaria era revestida a azulejo, produzidos pela própria fábrica, era bem iluminado e tinha boa ventilação.Em 1883 constituiu-se uma nova sociedade, esta tripartida, sendo os seus sócios A. Monteiro Castro Portugal, Augusto Leite e Aloísio Seabra. O primeiro saiu seis meses volvidos ficando os dois restantes, cuja sociedade duraria apenas mais três anos. Em 1886 volta à posse de João do Rio Júnior e sofre um incêndio que leva à saída de muitos dos seus operários para as Calda da Rainha, iniciativa de Feliciano Bordalo Pinheiro à altura no Porto. Em 1888 é adquirida por António José da Silva, que a reconstrói, fazendo sociedade com Remígio José Ribeiro da Silva e passando a designar-se António José da Silva & Silva. Esta sociedade transforma-se em 1902 mas a fábrica continua a laborar até à década de 30. Para fotos mais pormenorizadas desta fábrica visite: http://ruinarte.blogspot.pt/2014/04/o-edificio-azulejado-da-fabrica-de.html.
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Fábrica da Torrinha
A Fábrica da Torrinha foi fundada em 1844, por Manuel José Soares, antigo arrendatário da Fábrica do Cavaquinho. Estava situada na Quinta da Torrinha em terrenos que, mas tarde, ficaram a marginar a Rua de General Torres. Produzia louça de pó-de-pedra muito semelhante à do Cavaquinho e, em meados da década de 50, passou para gerência da viúva de Manuel Soares, proprietária que a manteve por longos anos. Depois da sua morte, foi criada, em 1896, a sociedade Viúva Soares Rego & Sucessores, logo dissolvida no ano seguinte. Em 1912 Luís Girão visitou a fábrica e assinalou a presença de uma máquina a vapor de 4cv que permitia o movimento das cinco rodas que levantavam a louça.
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Fábrica do Senhor d' Além
Instalada em Vila Nova de Gaia, nas ruínas do Hospício dos Carmelitas do Senhor d’Além, junto ao Douro e em frente à zona da Corticeira, a Fábrica do Senhor d’Além terá surgido antes de 1861, por iniciativa de António e Manuel Rodrigues dos Santos. Além deste edifício, uma casa antiga de habitação dos religiosos, servia agora as necessidades dos operários. A água destinada à produção fabril provinha de uma abundante mina existente dentro do edifício e era conduzida para os tanques por canos. Entre 1862 e 1866 a fábrica é adquirida por João António Vieira Braga e, em 1875, constitui sociedade com o irmão, passando a firma a designar-se João António Vieira Braga & Irmão. Tinha cais para o rio, única forma de acesso aos meios de transporte, salvo o de peões por terra.Depois de meio século pouco promissor, a Fábrica do Senhor d’Além é revigorada com a entrada, em 1908, de importantes artistas que constituem a sociedade Barbosa, Branco & Cª. Mecanizada, com operários todos alfabetizados, uma produção artística de maior qualidade e renovadas as instalações, torna-se mais capaz de competir com as que se encontram no mercado. Na década que se seguiu é alugada a José Pereira Valente Júnior, industrial do ramo, já estabelecido, que tinha dissolvido a sociedade com os seus irmãos na Fábrica Pereira Valente, nas Devesas.
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Fábrica Cerâmica de Valadares
A Fábrica Cerâmica de Valadares foi fundada em 1921 por uma sociedade de seis sócios e sob a firma Fábrica de Cerâmica Valadares, Limitada. Sucessivas alterações no volume de capital obrigaram a sucessivas alterações de estatutos e à sua transformação em sociedade anónima em 1924. O período áureo de fabricação de louça decorativa ocorreu durante os anos que se seguiram à sua fundação, organizando um catálogo nos inícios dos anos 40 onde eram mais de 286 os tipos de peças de faiança pintadas. Dedicou-se posteriormente, e com maior incidência a partir da década de 50, quase em exclusivo à louça sanitária de construção, tornando-se um dos maiores centros fabris nacionais.
OUTRAS FÁBRICAS
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Fábrica Aleluia
A Fábrica Aleluia foi fundada em 1905, na cidade de Aveiro, por João Aleluia, um antigo operário da Fábrica de Cerâmica da Fonte Nova. Especializou-se em louça e azulejos, estes últimos com claro gosto Arte Nova e Art Deco, sendo pioneira na qualificação artística e no acompanhamento dos novos movimentos estéticos internacionais. Estes conceitos são constantemente renovados sobretudo nas décadas de 50 e 60 com a introdução das modernas tecnologias de produção industrial.
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Fábrica de Cerâmica Lusitânia
A Fábrica de Cerâmica Lusitânia foi fundada em 1890 por Sylvain Bessière, situando-se na zona de Picoas e sendo transferida, no princípio do século XX, para a zona do Arco Cego. Permaneceu nesse local até à sua demolição, em 1988, e a sua produção foi orientada para a cerâmica utilitária e, só mais tarde, se dedicou ao fabrico de azulejos em pó-de-pedra. Em 1919, com o falecimento do fundador, a fábrica perde o seu aspeto familiar, proporcionando a oportunidade para a criação de uma companhia. Assim, surge com a designação de Cerâmica Bessière Sucessores, tendo Júlio Martins como sócio-gerente e abrindo filiais por todo o país. Numa segunda fase de expansão começa a designar-se Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia, S.A.R.L. e, nos anos 20, começam a surgir novas secções com especial atenção para a produção de azulejo. Sobressaem os trabalhos de Jorge Colaço e diversos painéis figurativos e padrões ao gosto Art Deco. A partir de 1960 inicia um período de grandes dificuldades e acaba por encerrar, mantendo-se apenas o armazém e a loja de vendas.
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Fábrica de Cerâmica Lusitânia
Fundada em 1849, por iniciativa de António da Costa Lamego, a Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego instalou-se desde logo num edifício construído de raiz entre os anos de 1849 e 1865. A fábrica adotaria o nome por que ficou conhecida após a morte do seu fundador. O edifício da sua sede é hoje um Imóvel de Interesse Público e a sua fachada é totalmente revestida a azulejo figurativo da autoria de Ferreira das Tabuletas. Começa a produção de azulejos a partir da década de 60 do século XIX, rivalizando com a Fabrica de Sacavém. Os nomes que se evidenciam são o de Eduardo Leite, executando aqui o revestimento da Capela das Almas do Porto, Pereira Cão, Jorge Barradas, Manuel Cargaleiro e Querubim Lapa.Atualmente a fábrica é propriedade de uma sociedade designada Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, Lda.
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Fábrica de Louça de Sacavém
A Fábrica de Louça de Sacavém foi fundada por Manuel Joaquim Afonso, entre 1856-1861, sendo-lhe atribuída, por muitos autores, a data de 1850, informação sem fonte assinalada. Por conhecer os processos de fabrico do vidro, da cal hidráulica, cimento e porcelana artificial toma assim a decisão de abrir a dita fábrica, destinada à produção de cerâmica, na Quinta do Aranha. Entre 1861 e 1863 é comprada pelo inglês John Howorth, tornando-se na única fábrica de faiança fina, em Portugal, na década de 70 do século XIX. A presença de ingleses influenciou as técnicas e os materiais utilizados na fábrica, vindos estes maioritariamente de Inglaterra. Já a força humana e animal, que permite o funcionamento da maquinaria, provém de Sacavém.
Durante a gerência de Howorth foram construídos novos fornos e muflas para dar resposta à crescente procura e respetiva produção, recorrendo aqui a materiais e mão-de-obra especializada inglesa. Em 1883 a Fábrica de Louça de Sacavém está presente na Exposição Industrial do Palácio de Cristal. Além desta, devido à sua grande diversidade de produção, esteve presente em muitas exposições nacionais e internacionais, divulgando dessa forma a sua oferta e recebendo novas influências. Em 1885, Fernando de Saxe Coburgo concede a John Stott Howorth o título de barão, o que vai permitir que a sua fábrica passe a chamar-se de Real Fábrica de Loiça de Sacavém. Depois de 1893, ano da morte do Barão Howorth de Sacavém, será a sua mulher a responsável pela fábrica. Em Fevereiro de 1894, a Baronesa tomou como seu sócio James Gilman, formando a firma Baronesa Howorth de Sacavém & Cia. A partir de 1903 assiste-se a uma troca intensa de informação com a Inglaterra, sobretudo na questão da produção de azulejos e na sua respetiva promoção. Durante este século vai dedicar-se sobretudo à produção de azulejos artísticos, contratando Jorge Colaço e distinguindo assim no panorama português. Após um período de decadência, acabaria por fechar em 1994.
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